Se Nietzsche é o homem póstumo, Lou Salomé é, com certeza, a mulher póstuma. Amiga, aluna, amante, musa e inspiradora de vários gênios de sua época, entre eles Nietzsche, Paul Rée, Rilke, Wagner e Freud. Escreveu livros, poemas e dedicou-se à psicanálise. Alias foi a quem Freud confiou o tratamento de sua filha. Ponho aqui um dos poemas de Lou que Nietzsche musicou: Hino à Vida
Claro, como se ama um amigo
Eu te amo, vida enigmática
Que me tenhas feito exultar ou chorar,
Que me tenhas trazido felicidade ou sofrimento,
Amo-te com toda a tua crueldade,
E se deves me aniquilar,
Eu me arrancarei de teus braços
Como alguém se arranca do seio de um amigo.
Com todas as minhas forças te aperto!
Que tuas chamas me devorem,
No fogo do combate, permite-me
Sondar mais longe teu mistério.
Ser, pensar durante milênios!
Encerra-me em teus dois braços:
Se não tens mais alegria a me ofertar
Pois bem – restam-te teus tormentos.